domingo, 28 de abril de 2013

As preliminares do mundo pornô

A indústria pornográfica possui um faturamento de US$ 60 bilhões anualmente no mundo, de acordo com a revista Forbes. Apesar de haver pornografia gratuita na Internet, esta rede ainda fatura mais que a Microsoft, Google, Amazon e Apple. Os sites pornôs mais visitados são Xvideos (360 milhões de visitas/mês), seguido de XHamster's (350 milhões) e PornHub (300 milhões). 

Para entender como funciona uma produção cinematográfica de um filme pornô, o Volúpia conversou com Y, morador de Votorantim, que trabalhou por cerca de um ano como cinegrafista de vídeos eróticos e atualmente realiza produções particulares filmando transas de casais que desejam ter suas relações sexuais vídeo-documentadas. Por motivos de seu casamento, Y. pediu para não ter sua identidade revelada já que, até então, não compartilhou com sua esposa e família seu trabalho "secreto".

Volúpia Informativa: Como e quando você começou a trabalhar nesta área?
Y: Eu estava fazendo um curso de cinegrafista no Senac de São Paulo e então fui convidado através de um colega de sala de aula para integrar nesta produtora do qual ele era o dono. Trabalhei como cinegrafista pornográfico em 2004.

V.I: Como é trabalhar na área?
Y: A produção é totalmente profissional, como se fosse novela. O roteiro já vem pronto, os atores preparados e posicionamos a câmera do jeito necessário para que a filmagem comece a rodar. Não há conversas paralelas. Todo o conteúdo conversado é estritamente voltado ao filme. 

V.I: Cinegrafista ganha bem trabalhando nesta área?
Y: Sim, o pagamento é muito bom. Cheguei a receber R$ 150 por dia de trabalho.

V.I: O pagamento era feito como?
Y: Por contrato de filme. Dependia muito de cada produção, tempo de gravação de cada película.

Y: discrição por causa da família
V.I: Quanto tempo em média dura a gravação de um filme?
Y: Depende do roteiro, se o casal estiver bem entrosado durante a transa, em um dia conseguimos concluí-lo. Porém, se houver cenas de o casal se conhecer, vai mais que isso. E quase todos os filmes possuem esta abertura.

V.I: Quais os tipos de cenários que vocês mais utilizam? A maioria é feita em estúdio?
Y: Geralmente as gravações são em chácaras, apartamentos e moteis. Chegamos a gravar até mesmo em vans e curral.

V.I: Você já gravou com algum ator/atriz famoso?
Y: Gravar não, porém, já trabalhei como auxiliar de câmera em um filme do Kid Bengala.

V.I: Quem é mais bem pago neste trabalho?! Homem ou mulher?
Y: Mulher ganha bem mais que homem.

V.I: Como é para o homem este trabalho?
Y: Os atores costumam tomar remédio para gravações de cenas. Viagra, etc. Se ele ejacula antes da cena acabar paramos toda a gravação e esperamos ele se recuperar para começarmos de novo. Principalmente quando as cenas são contínuas, onde não há como editar ou fazer corte. As vezes até a produção quer ir embora no horário mas não dá. Tem que ficar esperando. 

V.I: E quanto às mulheres?
Y: Algumas passam mal durante as gravações. Alguns homens ejaculam demais e elas acabam não aguentando e chegam a vomitar.  

V.I: Eles usam preservativo?
Y: Geralmente não. Todos os atores são obrigados a fazerem regularmente exames para comprovar se não têm algum tipo de doença sexualmente transmissível.

V.I: Devido às posições dos atores em alguma cena, há dificuldade do cinegrafista em gravar?
Y: Sim. Em algumas ocasiões, quando o ator ejacula, acerta na gente. Porém, não perdemos o pique. Geralmente três câmera-man trabalham durante a produção de um só filme.

V.I: Você já se excitou durante a gravação de algum filme?
Y: Nunca fiquei. As produções dão muito trabalho. Não tem como ficar.

V.I: Quais estilos de filmes você já gravou?
Y: O básico do pornográfico (homem e mulher), gang bang (vários homens para uma só mulher), swing (troca de casais), fetiche e com animais.

V.I: Qual o filme mais bizarro que você já chegou a gravar?
Y: Uma vez gravei um em que uma mulher fazia sexo oral em um cavalo e ela tinha de fingir que gostava. Outra masturbava cachorros. Para isto, selecionavam 15 meninas e destas, a produção apresentava o valor do cachê e perguntava quem toparia fazer. Há também aqueles em que a atriz urina no ator e filmes onde o homem só fica tocando o pé e a mão da mulher. Em uma das ocasiões, gravei um homem que gostava de transar com melancias.

V.I: E quanto as mulheres ganhavam por este trabalho?
Y: Na época elas recebiam R$ 15 mil. Era cena bem rápida, pois a produtora costumava gravar vários filmes com animais em um mesmo dia. Já o cachê dos homens varia muito. Porém, a maioria tem carro do ano, casa própria. Também ganham bem.

V.I: Como funciona seu trabalho particular onde você filma transas de pessoas que são casadas?
Y: Os casais geralmente me procuram. Tudo rola bem tranquilo.

V.I:  O seu relacionamento com sua esposa melhorou depois que você começou a trabalhar nesta área?
Y: Sempre mantive a mesma vontade.

V.I: Por qual motivo você nunca contou para sua esposa que você trabalhou com filme pornô?
Y: Sempre tive medo de contar e ela não gostar do que eu já fiz.

V.I: Você pensa em algum dia contar sobre essa sua profissão para ela?
Y: Penso. Contaria porque eu penso em um dia voltar a trabalhar na área.

V.I: Para quem se interessa, compensa se arriscar e ir procurar trabalho nesta área?
Y: Vale a pena. Quem tiver condições de montar uma produtora pornográfica ganha muito dinheiro. 

V.I: Mas e aquela pessoa que só quer tentar a sorte de uma vaga em uma produtora já existente?
Y: Este é um mercado muito fechado, difícil de ser encontrado. Só tive esta oportunidade porque eu fazia o curso e conheci o proprietário da produtora.

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O SBT Repórter realizou em 2011 uma reportagem especial a respeito da indústria do sexo. Confira abaixo:

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Movimento estudantil realiza manifestação contra Marco Feliciano

Foto: Alana L. Silva
O movimento estudantil sorocabano, Domínio Público, realizou na última semana um ato de repúdio às declarações polêmicas do pastor e deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), atual presidente da Comissão de Direitos Humanos. Durante o protesto, foram distribuídos panfletos com orientações a respeito do manifesto e informações sobre as argumentações e dizeres preconceituosos do pastor. No ato, também houve passeata, cartazes e discursos pedindo a renúncia do deputado do cargo presidencial da comissão.
Confira o vídeo com imagens e depoimento de participantes


Antes do protesto, o Volúpia entrevistou Jean Marcelo, organizador do ato de repúdio. Confira clicando aqui.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Primeiro encontro da Escola de Pais de Homossexuais acontece nesta terça (16)

Edith Modesto, fundadora do GPH

Acontecerá nesta terça-feira (16), o primeiro encontro da Escola de Pais de Homossexuais de Sorocaba no auditório da Secretaria da Cidadania (Secid). No encontro, das 19h às 20h30, o grupo será formado exclusivamente por mães e pais de filhos homossexuais; já das 20h30 às 22h, será a vez de jovens homossexuais, além de irmãos e amigos interessados. Para participar não é necessário se inscrever, basta comparecer pontualmente no horário agendado de um dos grupos.

Acompanhados por Edith Modesto, fundadora e presidente da ONG Grupo de Pais de Homossexuais (GPH), doutora em Linguística Geral e Semiótica greimasiana pela USP e terapeuta especializada no assunto, uma vez por mês, às terças-feiras, as pessoas poderão trocar informações e experiências, conversar sobre os mitos e as verdades relativas à homossexualidade, falar sobre a relação que eles têm em casa e compartilhar as angústias e os receios. De acordo com Modesto, a princípio, os encontros terão grupos separados para os pais e para os jovens. "Dessa forma, todos se sentirão mais à vontade para trabalhar com essa questão", explica.

Beth tem duas filhas homossexuais: "Tratamos o assunto
com naturalidade". (Foto gentilmente cedida)
Beth Cerquinho, que trabalha na empresa INPSI (Instituto de Psicanálise), é mãe de duas filhas homossexuais e afirma que comparecerá à aula. "Sempre temos algo a aprender e, se tratando de filhos, não podemos negligenciar, nem tão pouco acreditar nas nossas verdades", comenta. Ela conta que auxiliou as filhas na autoaceitação e sempre tratou o assunto dentro de casa com naturalidade. "Elas sabem que podem contar conosco. Hoje a mais velha mora em outro  estado e está casada há 10 anos com uma menina maravilhosa. A mais nova mora com a namorada conosco". Beth acredita que a abordagem do assunto em Sorocaba não é diferente de outras cidades, e por este motivo, o curso fomenta a agregação do tema. "Temos aqui muitos jovens de várias classes sociais precisando de amparo e muitos pais de esclarecimento e saberem que não estão só, que seu filho (a) não é o único", declara. "Sorocaba já começou o processo de mudança reconhecendo que pessoas precisam de ajuda, que pais não podem jogar seus filhos na marginalidade. Sou grata por participar de um projeto pioneiro".

Para Edith Di Giorgi, vice-prefeita e secretária das pastas de Juventude e da Cidadania (Secid), a ideia é contribuir para que pais e mães de filhos homossexuais sofram menos com esse drama familiar e possam acolher os seus filhos. "Queremos também trabalhar o assunto com os jovens para que eles possam viver a sua sexualidade de uma maneira um pouco mais tranquila e feliz, por se sentirem aceitos e amparados por suas famílias, ou ao menos não discriminados por estas", ressalta. Enquanto isso, Beth enfatiza o que vive em sua casa com as filhas e o marido: " É isso, amor incondicional".

O que é a escola?
Realizado pela Prefeitura de Sorocaba, por meio da Secretaria da Juventude (Sejuv), esses encontros serão um espaço para o acolhimento de pais e mães e também de jovens, que vivem esse drama familiar pela dificuldade do processo de aceitação de um filho homossexual. É importante ressaltar que tudo o que for conversado nos encontros será absolutamente confidencial.

A Secretaria da Cidadania está localizada na rua Santa Cruz, 116, no Centro, próximo ao Terminal São Paulo. Informações pelo telefone 3219.1920.

Confira a entrevista que Edith Modesto concedeu para o canal GayTVBrasil, em 2011.

Sorocaba terá ato de repúdio à permanência de Marco Feliciano na comissão de direitos humanos


O movimento estudantil Domínio Público realizará, nesta quarta-feira (17), uma passeata como ato de repúdio à permanência do deputado federal e pastor Marco Feliciano (PSC-SP). O deputado é acusado de prover discursos homofóbicos e racistas.

Militante, Jean Marcelo convoca pessoas da região
para se manifestarem contra deputado
(Foto gentilmente cedida)
Um dos organizadores da manifestação, Jean Marcelo (20) cita que não há um dia em que não exista alguma manifestação ou protesto no país contra Feliciano. “Tamanha revolta é mais que justificável. O pastor é acima de tudo conhecido pela perseguição aos homossexuais”, ressalta. Militante do PSOL, mesmo partido do também deputado federal e homossexual assumido Jean Wyllys, ele enfatiza o porquê da importância de um ato de repúdio ao pastor a ser realizado em Sorocaba. “O intuito é dialogar com as pessoas, um ato isolado em Sorocaba não resolve, mas vários atos em várias cidades é uma pressão grande”. Além de Sorocaba, o movimento estudantil está recrutando trabalhadores e estudantes de Votorantim, Salto de Pirapora e Itapetininga, por exemplo.

Jean afirma ser simpatizante de causas homossexuais e diz ser inaceitável o comportamento do pastor. “Não sou homossexual, mas sou totalmente a favor dos direitos gays. Sou totalmente simpático aos homossexuais, pois sofrem muito no seu dia a dia, devido à homofobia crescente em nosso país”. 

Feliciano responde na Justiça por declarações homofóbicas
Além de Sorocaba, o Domínio Público conta atualmente com movimentos estudantis em Campinas, São Paulo, Franca e São Carlos. O pastor responde atualmente por dois processos no Supremo Tribunal Federal (STF) por homofobia em declarações na rede social Twitter e uma ação penal por estelionato. O deputado teria tirado a vantagem ilícita de R$ 13 mil ao simular contrato que induz vítimas a depositarem quantias supramencionadas em uma conta bancária. Na ocasião, Feliciano havia assinado contrato para ministrar um culto religioso, mas não compareceu. Feliciano nega as acusações.

O ato será na quarta-feira (17) às 15h, no cruzamento da Rua Braguinha. Confira o evento no Facebook.

Veja algumas das frases homofóbicas de Marco Feliciano:

"A podridão dos sentimentos homoafetivos levam ao ódio, ao crime, a rejeição". (Via Twitter)

"Os artistas são a favor do casamento gay, os intelectuais também são. Resta aos cristãos e conservadores de valores morais lutarem". (Via Twitter)

"Depois da união civil, virá a adoção de crianças por parceiros gays, a extinção das palavras pai e mãe, a destruição da família". (Via Twitter)

"União homossexual não é normal. O reto não foi feito para ser penetrado. Não haveria condição de dar sequência à nossa raça". (Revista Veja)

"A AIDS é o câncer gay". (Congresso de Gideões e Missionários)

Fontes: Colunistas do IG

domingo, 14 de abril de 2013

Vício em sexo é considerado doença e possui tratamento

A compulsão sexual pode ser considerada um transtorno psicológico que necessita de tratamento. É o que afirma o psiquiatra Aderbal Vieira Júnior, do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Universidade Federal de São Paulo (Proad - Unifesp). Ele informa que o vício por sexo ataca adultos entre idades de 30 a 60 anos e é mais decorrente em homens.

A doença atinge de 3% a 6% da população. Aqui no Brasil, estes números ficam próximos a nove milhões de pessoas. Isto é o que aponta o psicólogo Patrick Carnes, doutor em dependência de sexo. As principais características do mal são o comprometimento do convívio com demais pessoas e perda de noção do momento, onde a pessoa passa maior parte do seu tempo pensando em sexo. O vício pode ser detectado desde a adolescência, onde Júnior afirma que esta é a época em que a pessoa se conhece sexualmente. Para contextualizar o distúrbio, foram criados os termos populares chamados “ninfomaníaca”, que caracteriza mulheres e “Don Juanismo”, para homens.

X admite sua compulsão sexual
(foto retirada da entrevista abaixo)
“Gosto muito de transar. Adoro fazer sexo”, exclama X, de 40 anos, que apesar de ser mulher, admite sua incontrolável sede sexual. “Quando eu era casada, se passasse mais de três dias sem transar eu passava mal”. Ela comenta que a vontade, em algumas ocasiões, chega a ser tão intensa que qualquer atitude pode fazê-la se excitar. “Se eu assisto um cachorro fazendo na rua, por exemplo, já me deixa com tesão”. O primeiro casamento durou 17 anos, no qual ela fala que transava, em média, quatro vezes por semana. Atualmente, casada pela segunda vez, ela conta tenta conter-se, porém, reconhece que não é simples. “Eu sei que é psicológico e com ele eu tento me manter tranquila”. X. conta que, para se aliviar da ‘necessidade’ do sexo conjugal, busca se masturbar. “Eu me toco bastante. Até mesmo tendo um parceiro. Se sinto que quero transar e a hora não é a mais adequada me masturbo”. X, que se abre com as amigas para falar sobre o assunto, aproveita para dizer que se diverte. “Elas me perguntam como é, o que eu faço, dizem que sou privilegiada por possuir este desejo”.

Confira um trecho da entrevista que fiz com X.



Um estudo realizado pela Universidade da Califórnia em 2012, liderado pelo professor de psiquiatria Rory Reid, reuniu 207 pessoas, sendo que cerca de 150 procuraram ajuda para dependência sexual e 50 para tratamento de ansiedade. A pesquisa mostrou que 88% dos pacientes foram diagnosticados como hipersexuais. Estas admitiram não assistir compulsoriamente filmes pornográficos ou fazer sexo com frequência. Porém, declararam não controlar seus desejos, algumas, chegando a perder o emprego por não ter a capacidade de conter seus impulsos.

Dentre os principais tratamentos para controle de impulso, de acordo com o Dr. Aderbal Júnior, estão psicoterapia psicodinâmica, onde o paciente é auxiliado em redescobrir e compreender sua sexualidade para diminuir a compulsão. Terapia cognitivo-comportamental, no qual o paciente identifica e modifica alguns hábitos a fim de diminuir suas vontades sexuais e, por fim e em últimos casos, medicamentos que inibem a libido.